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terça-feira, 11 de junho de 2024

Arqueologia Brasil

Estas são as línguas indígenas da Colômbia:

As 65 línguas indígenas existentes são: achagua, andoque, awapit, bará, barsano, barí ara, bora, cabiyari, carapana, carijona, cocama, cofán, cuiba, curripaco, damana, desano, embera, ette naka, hitnu, guayabero , ika siona, siriano, taiwano, tanimuca, tariano, tatuyo, tikuna, tinigua, tucano, tucuná, tuyuca, uitoto, uwa, wanano, wayuunaiki, wounaan, yagua, yanuro, yuhup, yukpa e yuruti.
Namtrik - Namuy Wam, Zenu, Muysccubun



LUZIA, O MAIS ANTIGO FÓSSIL HUMANO DAS AMÉRICAS – LAGOA SANTA-MG – (12.000 a 8.000 anos atrás)
Além de fósseis encontradas na Serra da Capivara, no Paiuí, existe também um antigo conjunto de 17 fósseis achados no município de Lagoa Santa, em Minas Gerais. Fósseis de habitantes da região que haviam sido descobertos por Peter Lund (1801-1880) no século XIX, e que em 1842, já lhe chamara a atenção por apresentarem crânios estreitos e faces projetadas para a frente, características de povos africanos que vivem ao sul do deserto Saara. Mas esses crânios ficaram esquecidos em caixas no Museus Nacional no Rio de Janeiro por muito tempo.
Em 1974, na Lapa Vermelha IV, em Lagoa Santa, durante a escavação da equipe de Annette Laming-Emperaire (1917-1977), foi descoberto um esqueleto humano que foi datado pelo teste de Carbono 14, como tendo 11.500, e é o mais antigo fóssil humano até agora encontrado em toda América. Posteriormente foi apelidado de “Luzia”.
No final da década de 1980, o bioantropólogo e arqueólogo Walter Alves Neves (nasc. 1957), em parceria com o colega argentino Héctor Pucciarelli, começaram a reexaminar os crânios originalmente escavados por Lund, em Lagoa Santa. Então Neves ficou surpreso ao perceber que essas pessoas tinham morfologia muito parecida com as encontradas hoje em africanos, aborígenes da Austrália e nativos da Melanésia, todas de populações consideradas negras. Então Neves e companhia retomaram as escavações em Lagoa Santa e encontraram mais 30 novos crânios datados pelo Carbono 14, de até 8.000 anos atrás.
“Luzia” ganho a aparência em 1999, graças ao trabalho de Richard Neave (1936), um antropólogo forense britânico, um sujeito capaz de reconstituir as características físicas de um esqueleto para ajudar a polícia a identificar pessoas, solucionar crimes ou acidentes. O fóssil dessa mulher pré-histórica contribui para reacender um antigo debate em torno das origens do homem americano. De acordo com o paleoantropólogo Walter Neves, responsável por batizar o fóssil, a morfologia do crânio de Luzia a aproximaria dos atuais aborígenes da Austrália e nativos da África.
Luzia colocou ainda mais dúvidas na já claudicante e quase extinta “Teoria Clóvis”, que estabelecia que todos os habitantes das Américas eram descendentes de uma leva de asiáticos da região da Sibéria nas proximidades do Lago Baikal, que teriam atravessado o Estreito de Beringia por volta de uns 12.000 anos atrás, já que Luzia é uma mulher com características bem distintas dos indígenas atuais que são mais próximos do grupo epigenético mongóis.
Luzia foi investigada pelos bioantropólogos e arqueólogos Walter Alves Neves, André Pierre Prous Poinier (1944), Joseph F. Powell (1933-2015), Erik G. Ozolins e Max Blum. Neves levantou a hipótese de que a ocupação da América foi mais antiga do que até então se imaginava, embora não recuando muito no tempo, cerca de 14 mil anos antes do presente, e que foi realizada por vários povos de regiões distintas, como da Oceania e da África. Essa tese não é bem aceita por muitos cientistas.
Os estudos realizados na região habitada por Luzia e outros paleoíndios demonstram que eles desconheciam a cerâmica e que sua indústria lítica era rudimentar. Pesquisas recentes afirmam que esses homens eram sedentários. Numerosos enterros e uso de matérias-primas existentes apenas neste local reforçaram estas ideias. Uma análise das cáries nos dentes destes americanos demonstra que eles, embora não tivessem agricultura, se aproveitavam intensamente de recursos vegetais.
Na época em que eles viveram na região, ali mesmo viviam tatus gigantes com uma tonelada e 3 metros de comprimento, preguiças gigantes com 200 quilos e do tamanho de um bezerro, “tigres” dentre de sabres com 3 metros de comprimento, embora esse nome não seja muito correto pois seu parentesco com os tigres atuais está muito distante. Foram detectados ossos desses animais gigantes até por volta de uns 9.500 anos, dois mil anos depois da época de Luzia.  Entretanto não há indícios que o povo de Luzia, usasse esses animais para alimentação, embora não se possa descartar que isso possa ter ocorrido.
Segundo estudos dos restos alimentares eles consumiam vegetais e viviam da caça de animais de médio e pequeno porte como veados, roedores e lagartos. Embora alguns pesquisadores culpem o aparecimento do homem na região para o desaparecimento da megafauna, devemos considerar que as mudanças climáticas provocadas pelo fim da Idade do Gelo há cerca de 10.000 anos, possa ser a causa primordial do desaparecimento dessa megafauna.
Sabemos que por volta de uns 40.000 anos o “homo-sapiens” já tinha chegado a todas as partes da Europa, Ásia e Oceania. Estudos mostram que muitos habitantes do leste da Ásia mantiveram suas características africanas por muito tempo como demonstram não só os habitantes primordiais da Austrália e Nova Guiné, como tribos isoladas das Filipinas, da Malásia e da Micronésia. É possível que povos com essas características, habitando alguma parte da Ásia, tenham chegado as Américas bem antes dos asiáticos com características mongólicas. Então não teriam necessidade de atravessar os oceanos de barco. Mas podiam navegar pelas costas do Pacífico apenas com caíques ou jangadas.
E se eles chegaram em Monte Verde, no sul do Chile, cerca de 13.000 anos atrás, poderiam ter chegado bem antes a Lagoa Santa, em Minas Gerais, que é muito mais próximo do Alasca do que o estremo sul do Chile.
Talvez os mais antigos remanescentes do povo de Luzia sejam os índios botocudos, que moravam no interior de Minas Gerais e foram os inimigos mais renitentes dos invasores portugueses, até eles serem dizimados, no começo do século XIX, por ordem de Dom João VI. Hoje descendentes desses povos ancestrais pode ser os Xavantes, do tronco linguístico Jê.
Depois disso, os antropólogos Rolando Gonzáles-José, Frank Williams e William Armela, contestaram a teoria de Neves. Eles afirmaram que o crânio poderia ser classificado como um paleoíndio típico. O próprio Neves mudou de opinião quando, no ano de 2005, uma pesquisa confirmou que ela era parecida com os atuais índios “botocudos”.
Uma pesquisa recente, publicada na revista “Science”, foi realizada por um grupo de arqueólogos liderado por Eske Wileslev (1971), professor das universidades de Cambridge e Copenhague. O estudo surgiu a partir da realização de testes de DNA de esqueletos do continente, tanto antigos quanto recentes e, mais uma vez, Luzia foi apontada como semelhante aos índios modernos. Não só ela, mas todos os fósseis se mostraram semelhantes aos índios modernos da América do Norte, local onde foi iniciada a colonização asiática da América.
FONTES:
LOPES, Reinaldo José – 1499, o Brasil antes de Cabral – Harpes Collins, Rio de Janeiro, 2017.
PROUS, André – Arqeuologia Brasileira - Editora UnB, Brasília-DF, 1992
RIBEIRO, Ronaldo – O quebra-cabeça da Pré-História - National Geographic, nº 8, dezembro de 2000.
Vale a pena ver
https://www.youtube.com/watch?v=qafigWd4CCA

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